CRÍTICA
Por Eron Fagundes (DVD Magazine)
Em seu filme de média-metragem Clash (2009) o ator-diretor mineiro Ernane Alves usa de sua encantadora cumplicidade para com os atores que dirige visando a compor com naturalidade um olhar para as múltiplas funções do cinema. Seu viés de documentarista, que se exercitou de maneira direta em seu filme longo Cinema Vale Sonhos (2010), estabelece-se numa determinada maneira como, por exemplo, a personagem de seu roteiro chamada Alice se transpõe para a figura de sua atriz Lívia Gaudêncio que, contracenando com o ator-diretor Ernane, compõe e se recompõe diante da câmara para criar uma personagem que se desvencilha das anotações iniciais do roteiro para uma outra dinâmica: a personagem da câmara. E isto se deve ao engenho com que Ernane se aproxima de seus atores, estimulando-os a criar, e ao rigor (mesmo às expensas da descontração e aparente desconcentração da cena) com que ele adequa a liberdade do intérprete a seu universo próprio.
Pode-se reprovar a Clash alguma perda de ritmo aqui e ali, mas é inegável que se trata de uma reinvenção das formas de filmar. Um ator com sua namorada é o instante “mais normal” da cena. Vem a entrecruzar-se com a filmagem por este ator de uma série em que um psicopata ameaça uma mulher com uma faca falando o tempo todo em inglês e mantendo a mulher asfixiada por um plástico na cara. E o entreato: o ator em busca do teste para começar sua carreira. As múltiplas encenações não obedecem a parâmetros cronológicos. E nem a entrecruzamentos fáceis. E é esta liberdade de ação dos próprios episódios que acrescenta a Clash uma inusitada novidade dentro dos padrões habituais do cinema.
Pode-se reprovar a Clash alguma perda de ritmo aqui e ali, mas é inegável que se trata de uma reinvenção das formas de filmar. Um ator com sua namorada é o instante “mais normal” da cena. Vem a entrecruzar-se com a filmagem por este ator de uma série em que um psicopata ameaça uma mulher com uma faca falando o tempo todo em inglês e mantendo a mulher asfixiada por um plástico na cara. E o entreato: o ator em busca do teste para começar sua carreira. As múltiplas encenações não obedecem a parâmetros cronológicos. E nem a entrecruzamentos fáceis. E é esta liberdade de ação dos próprios episódios que acrescenta a Clash uma inusitada novidade dentro dos padrões habituais do cinema.
Porto Alegre, sábado, 22 de Maio de 2010.
Gostei do Clash... me parece que o Ernane está bebendo em outras fontes além do Warhol.
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